quinta-feira, 8 de maio de 2008

Á Ártemis, Deméter e Hécate

A Deusa em mim habita...

Quando a lua cresce no céu, sou Ártemis.
Busco os caminhos virgens e neles mostro a minha força em cada ramo.
Sou Ártemis, quando busco os montes e anseio por novos rumos,
quando repudio os limites e não exise o medo.
Sou Ártemis, quando me lanço sem amparo do cume feito com todas as pedras,
que tentam, inúteis, bloquear meus atos deliciosamente insanos.
Assim sou Ártemis.

Quando no céu a lua é cheia, sou Demeter.
Busco o amor imensurável e ofereço aquele que em meus infinitos braços habita.
Sou Demeter, quando procuro meu filho em cada ser.
Ave mãe e ninho em um só tempo.
Sou Demeter, quando meu colo se torna porto e suplica dolorosamente
pelo lançar de âncoras de todas as embarcações.
Assim sou Demeter.

Quando a lua mingua, sou Hécate.
Busco a linguagem da alma e descubro ser eu mesma aquilo que me ameaça.
Sou Hécate, quando a solidão importa e quando o fim torna-se causa e razão.
Sou Hécate, quando penso na morte e encontro o que sou
antes de torna-me outra.
Assim sou Hécate.
E assim a Deusa habita em mim!

(desconheço a autoria)

Pedido à Grande Mãe


Que eu tenha hoje e a cada dia
a força dos céus,
a luz do sol,
o resplendor do fogo,
o brilho da lua,
a presteza do vento,
a profundidade do mar,
o sempre ir dos rios,
a estabilidade da terra,
a firmeza da rocha,
o perfume das flores,
a harmonia da natureza.

Que assim seja!
E assim se faça.


sexta-feira, 25 de abril de 2008

Kali


Antes de falarmos de Kali, devemos falar sobre Shakti – energia cósmica responsável pelo dinamismo existencial - é a força feminina em seu poder primordial. Assim de forma muito simplificada, uma vez que a mitologia hindu é muito extensa, e talvez nós ocidentais, precisemos de muitas vidas para entendê-la; cada deusa é uma shakti, representado um aspecto com determinado objetivo, ira, destruição, equilíbrio, abundancia, fertilidade, etc.

No livro Mitologia Hindu, Ahorananda Saraswati relata, “o Ligam Purana descreve a seguinte lenda sobre o surgimento de Kali:

Em tempos remotos, uma mulher-demônio chamada Daruka havia obtido, mediante austeridades e sacrifícios religiosos, um poder tão grande que consumia, com fogo, deuses e sacerdotes. Mas, como era servida por uma multidão de mulheres, Vishnu e os demais deuses temiam atacá-la, pois poderiam ser culpados do grande pecado de dar morte a uma mulher.

Os deuses recorreram a Shiva para resolver esse problema, que, dirigindo-se a sua esposa (Parvati), disse: "Ó, encantadora Devi, permita-me que te solicite a destruição de Daruka!" Parvati, tendo escutado essas palavras, criou, então, de sua própria substância, uma terrível virgem negra de lábios sem brilho, com três olhos, sustentando nas mãos um tridente, uma faca de sacrifícios e uma cabeça cortada. Seu aspecto era assustador de se contemplar, estava envolta em vestidos celestiais e adornada com toda a classe de ornamentos. Ao contemplar essa terrível forma de escuridão, os deuses retiraram-se assustados. Parvati criou, ainda, inumeráveis espíritos femininos, duendes e demónios. Essa virgem negra, que foi chamada de Kali, assistida por seu exército, atacou e destruiu Daruka.

Kali também aparece travando combate com Raktabija, chefe de um exercito de demónios. Conta a lenda:

Raktabija, ao ver que todos os seus soldados caíam mortos uns após os outros resolveu ele mesmo atacar Kali. Ela defendeu-se bravamente redobrando seus golpes mortíferos, mas, a cada gota de sangue que caía de Raktabija, nasciam mil gigantes, tão vigorosos quanto ele. Para acabar com seu inimigo Kali teve, então, de beber cada gota de sangue antes que essa caísse no solo. Com esse estratagema, ela conseguiu derrotar Raktabiia e destruir o exercito de demónios.

Após a vitória, Kali começou a dançar com alegria tão selvagem que estremeceu todo o universo. Os deuses, preocupados com os resultados catastróficos que poderiam surgir da dança de Kali, pediram a intervenção de Shiva, para que a acalmasse. Mas ela, em tal sagrado delírio, não perce¬beu que era seu esposo que se aproximava e derrubou-o, dando-lhe morte aparente, dentre inúmeros cadáveres. Ao dar-se conta de seu trágico erro Kali quietou-se, desolada.”

Segundo o Livro mágico da Lua, Kali comanda as gunas, ou linhas da Criação, Preservação e Destruição, e incorpora o passado, o presente e o futuro. As gunas são simbolizadas por linhas vermelhas, brancas e pretas. Ela controla o clima ao trançar ou soltar seus cabelos. Sua roda cármica devora o próprio tempo.

Também é considerada uma Deusa Triplíce, a jovem, a mãe e a anciã, sendo o começo e o fim, a soma do ciclo, englobando as diversas faces que experenciamos na vida, o drama, o humor, o êstase, a loucura, todo o nosso potencial primitivo com o qual guerreamos para adequar-nos ao mundo que nos cerca.

Kali é a face extraordinária da destruição necessária para a renovação, destituindo a ilusão e a ignorância de seu poder, sem qualquer piedade ela mostra o que precisamos ver de forma avassaladora, destruindo qualquer coisa que se interponha entre nós e a obra divina, tenhamos consciência disso ou não...

(Direitos reservados)


quinta-feira, 10 de abril de 2008

Antiga Oração à Ísis



Ó Ísis!
Mãe do Cosmo, raiz do amor, tronco, capulho, folha, flor e semente de tudo o que existe.
A ti força da natureza conjuramos.

Chamamos a Rainha do Espaço e da Noite... e beijando seus olhos amorosos, bebendo o orvalho de seus lábios, respirando o doce aroma de seu corpo, nós exclamamos:

Ó, Nuit!
Tu, eterna deidade do céu, que és a Alma Primordial, que és o que já foi e o que será. Ísis, a quem nenhum mortal levantou o véu. Quando tu estiveres sob as estrelas irradiantes do noturno e profundo céu do deserto, com pureza de coração e na chama da serpente, te chamamos:

RAM-IO... RAM-IO... RAM-IO...